Sobrevivendo ao Salar de Uyuni (Bolívia) 2º DIA

Lugar de beleza ímpar. Vale à pena! Abril é final da época de chuvas e por este motivo, parte do Salar ainda estava alagada e não pudemos visitar a Isla del Pescado para ver os Cactos Gigantes. Graças a Toyota, conseguimos trafegar sobre o Salar alagado. Havia uma lâmina de uns 20 cm de água.

Passar horas dentro de um carro era algo que me preocupava, mas fazer novos amigos e as paisagens de tirar o fôlego deixava tudo mais agradável, inclusive os alojamentos sem banho! Apesar do soroche (mal estar causado pela altitude) e do mega frio, SINTO SAUDADE DAQUELES DIAS!

2º Dia

Acordamos bem cedinho, tomamos café da manhã (biscoito, manteiga, geléia, café, chá de coca) e alguns analgésicos. Seguimos para um lugar lindo chamado Vale de las Rocas, onde tiramos fotos inacreditáveis. Depois visitamos as Lagoas Cañapa (vento cortante) e Hedionda. Paramos na Laguna Hedionda para almoço. O Edwin abriu o fundo do carro e serviu ali mesmo, frango, macarrão e salada. Naquele momento era o Manjar dos Deuses, eu quase não deixei comida para o motorista. Infelizmente, este foi meu pior momento de soroche, sentia tanta dor de cabeça que nem consegui sair do carro. Acabei com os Soroche Pills da maleta de primeiros socorros do Edwin. A Laguna Hedionda é linda e em certo ponto do dia, espelha perfeitamente as montanhas ao seu redor. Lindo de viver!

Após a parada para almoço e de sobremesa alguns analgésicos, conhecemos “El Arból de Piedra”. Aproveitei para brincar de terrorista, já que tinha um cachecol amarrado na cabeça por causa da dor! Lá passamos uns 40 min. tirando fotos e brincando de subir nas pedras.

Algumas horas de estrada e chegamos a Laguna Colorada. Fiquei literalmente sem fôlego, tanto pela altitude, como pela beleza serena do lugar. Tivemos que pagar 150 bols para entrar na reserva – Parque Nacional de fauna Andina Eduardo Avaroa (Isso não é avisado antes da viagem e acaba pegando muita gente de surpresa). Fazia muito vento e muito frio. Após me instalar no alojamento, segui para o Mirante que ficava a menos de 1 km de onde estávamos. Se bem me recordo, a Laguna Colorada fica a mais de 4600 metros de altitude e essa foi a caminhada mais difícil da minha vida. O vento cortava meu rosto, o frio me matava, o ar não entrava nos pulmões, mas AQUELA VISTA SUPER VALEU A PENA!

Não sei se foi o cansaço, mas lá no mirante, apesar de cheio de gente, o silêncio imperava. Não dá pra descrever com palavras a sensação de observar aquela paisagem... A lagoa vermelha... Os flamingos cor de rosa... As montanhas que pareciam perfeitamente esculpidas... Incrível, fantástico, inacreditável! Nenhuma dessas palavras faz jus a beleza deste lugar! Confesso que me rendi à emoção do momento ao ver o por do sol. Naquele instante percebi que valia a pena todo o stress do trabalho, para ao menos um dia estar ali, vivenciando um momento de esplendor no altiplano andino.

A noite no alojamento NADA DE BANHO! Nada de DESCARGA! Só um tonel de água para ajudar a escovar os dentes, enfim, rezem para não precisar usar o banheiro. Fazia tanto frio que o banho não fez muita falta pra maioria das pessoas. Recomendo levar lenços umedecidos para este tipo de emergência.

Jantamos sopa, pão, macarrão, analgésicos e tomamos um vinho para em vão tentar nos aquecer e fomos dormir. Ficamos em um quarto que tinha quatro camas de casal e muitos cobertores. Passamos tanto frio, que praticamente não pregamos o olho! Naquela noite a temperatura foi de -10 º.

*Informações atualizadas até abril de 2011.

*Fotos tiradas no Vale de las Rocas, Laguna Hedionda, El Arból de Piedra e Laguna Colorada.